Com um cheiro a verão e a férias no ar, o mês de junho traz consigo a folia dos Santos Populares que transporta o nosso pensamento para arraiais, bailaricos, fogueiras e ruas cobertas de balões e mastros de todas as cores.

 

Por Portugal, a festa anima as noites de S. António, S. João e S. Pedro e na Catalunha celebra-se euforicamente o Sant Joan.

Em Lisboa, a festa tradicional é dedicada ao Santo António, conhecido como o santo casamenteiro por conta da ajuda que dava a moças humildes para conseguirem um dote e um enxoval para o casamento. Reza a tradição que no dia 13 de junho
as mulheres solteiras oram para que Santo António lhes traga o amor das suas vidas.

Lá diz a sabedoria popular:
«Santo António, Santo Antoninho, Arranja-me lá um maridinho...»

E não seriam “Santos” se não se cumprisse a tradição das marchas populares que desfilam na Avenida da Liberdade. Enchendo-se de mil e uma cores garridas que desbotam das fatiotas dos figurantes que foram confecionados ao longo do ano
com todo o espírito bairrista.

Mas o ponto alto da festa é a multidão que sai à rua para comer, beber e dançar noite dentro, cobrindo a cidade de alegria e animação. Começando pela Mouraria, subindo até à Graça e descendo até Alfama e depois até à Bica, em todos estes bairros reina a boa disposição e paira no ar o cheiro a sardinha assada e o aroma dos manjericos acompanhados de um cravo de papel e uma quadra alusiva:

«Santo António, Santo António Que tens tu de especial? Só sei que na tua festa Há alegria no arraial.»

Já o Porto tem no São João a sua festa de eleição. Num misto religioso (pelo nascimento de São João Batista) e pagão (celebração do solstício de verão), é uma
festa cheia de tradições, das quais se destacam os alhosporros, usados para bater nas cabeças das pessoas que passam, os ramos de cidreira (e de limonete), usados pelas mulheres para pôr na cara dos homens e o lançamento de balões de ar quente.

A partir dos anos 70, foram introduzidos os martelos de plástico que desempenham o
mesmo papel do alho-porro e, hoje em dia, são os apetrechos preferidos da multidão que sai à neste dia de festa.

Um dos pontos altos da noite é o tradicional fogo de artifício junto ao Rio Douro, numa noite em que também são frequentes os saltos sobre fogueiras.

O Porto tem ainda nesta época a tradição das cascatas sanjoaninas, uma espécie de presépio animado, feitas com esculturas que exemplificam as artes, ofícios e arquitetura portuenses.

Se Portugal se enche de festa neste mês, o mesmo podemos dizer da Catalunha. Na noite de 23, véspera de São João, a Catalunha e, em especial, Barcelona vestem-se de fogueiras homéricas e soberbos fogos-deartifício.

Se nós temos as sardinhas e o caldo-verde, nesta noite os catalães comem o típico bolo chamado Coca de Sant Joan, que é feito à base de frutos secos
e frutas cristalizadas.

Conhecida como a Nit de Sant Joan ou a Revetlla de Sant Joan, esta festa tem origens pagãs e sagradas. Pagã, porque celebra o solstício de verão e antes da era
cristã acreditava-se que acender fogueiras fortalecia o sol, cujo poder declinava com o solstício devido ao encurtamento dos dias. Por outro lado, os povos acreditavam que as fogueiras tinham um poder purificador capaz de espantar os maus espíritos.

Sagrada, porque segundo a bíblia, Zacarias acendeu uma fogueira para anunciar o nascimento do seu filho, João Batista, e daí a tradição das fogueiras em honra deste santo.

Apesar de cada uma destas festas contar com as suas próprias singularidades, há um fio condutor entre todas elas que comprova que são mais as coisas que nos unem do que aquelas que nos separam. As festas populares de junho cruzam-se no tempo e
marcam o início de uma nova estação. Por isso, com foguetes, sardinhas ou alho porro, o importante é festejar!!!